sexta-feira, 31 de outubro de 2008

escondido


fora de todos os olhares estou
indeciso na perspectiva do meu pensamento

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eugenio Pessimo

equilibrios e tensoes sobre uma linha
um equilibrio imperfeito de virtudes e de pecados
de alegrias e sobressaltos
saudades de um beijo de sapatos altos
o meu equilibrio mantem-se sobre uma linha imperfeita.
sou um ser porem de compensações, que está acordado para poder dormir
e vice versa
ponto de argumento em qualquer conversa.
desde que escrevo porém os meus dedos são sonhos das minhas mãos
e não posso prever o próximo sonho
como imaginar me a sobrevoar a amazonia.
mas desde que péssimo de apelido
as minhas fotografias mentais dos dias passados
são peças inexplicadas de um puzzle universal
logo versus caos
mais versus menos
luz versus escuro
energia versus hibernação
positicas negativas afirmações de um ser que se contradiz a si próprio quando escreve.
deixo de ser eu próprio, em péssimo personificado, Eugénio rapaz de letras intelectuais,
abusivas, contraditórias, actuais
Eugenio Pessimo que eu escrevo ao som de um leve piano berlinse.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Eugenio Pessimo

Restauro a minha independência com frases simples
Deparo-me com a incessante necessidade neste limite de infinitos sentidos
regredindo ao útero intacto
ao aroma líquido da placenta
ao desagregado suspiro das noites violentas
do pesar pela imperfeição dos sentidos
pelo trânsito congestionado de falsas memórias
sou inapropriado
eu sei
um relâmpago virado ao contrário para o céu
sou o gesto permanente de teclar palavras como se revelasse um mistério
sou inacessível
eu sei
dentro de paredes muradas
esburacadas pelos meus gritos
sou eugenio péssimo de multiplas identidades
e o resto...
são histórias.

domingo, 12 de outubro de 2008

Eugenio Pessimo - Poemas Diluvianos

Parte Segunda.

Profiro um discurso em me escondo como um chapeu de chuva
que me protege da chuva de olhares de agua
chuva estrangeira que sobre mim escorre
e os meus dedos são de gente sem memórias
dos ausentes argumentos que subiram às nuvens
chamo a mim trovoadas em silêncio
e trombetas ecoam do mais longíquo equinócio
sou um pobre guarda de fragmentos da terra
de fósseis iluminados
de tesouros guardados
e em mim se concebem pérolas e ruínas romanas
a minha alma ferve em chamas.

A Faca não corta o Fogo - Herberto Helder


Engoli
água. Profundamente: — a água estancada no ar.
Uma estrela materna.
E estou aqui devorado pelo meu soluço,
leve da minha cara.
O copo feito de estrela. A água com tanta força
no copo. Tenho as unhas negras.
Agarro nesse copo, bebo por essa estrela.
Sou inocente, vago, fremente, potente,
tumefacto.
A iluminação que a água parada faz em mim
das mãos à boca.
Entro nos sítios amplos.
— O poder de reluzir em mim um alimento
ignoto; a cara
se a roça a mão sombria, acima
da camisa inchada pelo sangue,
abaixo do cabelo enxuto à lua. Engoli
água. A mãe e a criança demoníaca
estavam sentadas na pedra vermelha.
Engoli
água profunda.