terça-feira, 3 de junho de 2008

Poema absurdo

Fiz as malas vazias e deixei esta casa que habito
Ao fechar a porta deixei me todo lá dentro
de pedra o vago sentimento
sentido da sombra do infinito.
Deixei a esperança no meu relógio avariado
A minha roupa foi devorada pelo vento
E a coragem enviei-a num postal ilustrado
os meus sapatos derreteram-se na lama do descontentamento

e na rua nu e descalço
apenas mais um foragido sem lei e sem abrigo
certo porém de encontrar algures numa esquina um reino perdido
e um castelo de ouro gigante e divertido

As letras do meu nome assinaram divórcio
Parti sem passado para além do meu corpo entre a pele
As minhas lágrimas são agora herança das nuvens
procuro um oceano para naufragar a minha idade
uma cidade fortificada para resguardar a fragilidade
do medo eterno e felino
e mais presente
mais dilacerado que devorado pelo destino
a força das minhas palavras
as linhas da minhas mãos leis de luz

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