terça-feira, 3 de junho de 2008

sempre...

Sempre que recebo o teu olhar as minhas fronteiras se expandem
O meu som fica mais grave que um relâmpago
O meu espanto desagua num oceano de ondas gigantes
E o meu desejo arrefece na lava que me percorre o corpo.
Sei pouco mais que um segundo do sol
E a densidade do meu pensamento
Equilibra-se numa folha de papel distante.
A forma do teu corpo é uma bala
O disparo dos teus seios um sonho importante
Procuro A eterna virgindade do teu utero
O embrião líquido de proteínas
Saliva e sangue perfumados

Sei quando te toco porque sou homem de sémen
Desejo que despe e me revela
Sou mais uma vez adão no meu éden
A semente de uma geração
Origem desta espécie que pensa o que faz
E diz uma sentença com mais que uma intenção
Vejo do meu evereste A sequência dos impérios caídos
Vejo as vidas revividas
Gente de peles coloridas
Os pensadores, os inventores, os cientistas, os artistas
Os anónimos sonhadores, os pescadores, os pessimistas
Os que se vestem de seda com sede
Os que se alimentam do vício
Parte da rede
Os vendedores ilegais de ervas
Os traficantes de armas e de conservas
vejo-me a mim mesmo irreflectido na génese convexa da realidade de um espelho.

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